sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Resposta a um irmão/amigo acerca da 'Luz Menor' que conduziria, em tese, à "Luz Maior"



Inicialmente, postamos em um site de redes sociais a seguinte reflexão:

"O Sol precisa da Lua para iluminá-lo?
- Obviamente que não, pois é auto-suficiente, possuindo energia em si mesmo.
Da mesma forma, a Bíblia, tida como nossa 'Luz Maior', não necessidade de qualquer 'luz menor' para conferir ou ampliar-lhe o significado".

.. Em relação à qual o Irmão "X" (assim denominado a fim de preservar-lhe a identidade e intimidade) manifestou-se, inicialmente, da seguinte forma, através de postagens: 

"enquanto pensamos em teoria todos os dias as pessoas morrem sem ouvir a palavra de DEUS...OS ESCRIBAS eram os retentores da biblia no entanto se perderam...conhecimento sem ação é como um pouvo de patins,muita ação mas nunca chegará a lugar nenhum..fica a dica"

e...

"a biblia diz;vós sois a luz do mundo...todo o que se deixa ser usado por DEUS tem autoridade de pensar e falar sobre assuntos biblicos..."


... considerações às quais oferecemos, da mesma forma, as seguintes respostas/postagens:

1) "X, quando vc diz: "a biblia diz;vós sois a luz do mundo...todo o que se deixa ser usado por DEUS tem autoridade de pensar e falar sobre assuntos biblicos...", vc quer dizer o quê, diretamente? Porque parece que vc insinua que eu deixei de ser usado por Deus... Me explique melhor teu raciocínio, por gentileza, porque achei estranha a tua 'revelação'. Abração, Fica com Deus.

2) "Também quando vc disse: "enquanto pensamos em teoria todos os dias as pessoas morrem sem ouvir a palavra de DEUS...OS ESCRIBAS eram os retentores da biblia no entanto se perderam...conhecimento sem ação é como um pouvo de patins,muita ação mas nunca chegará a lugar nenhum..fica a dica" - queria te perguntar se vc sabe a real profundidade dessa citação que vc fez. Queria também te dar uma dica (que não é muito observada pelos nossos 'colegas' de fé): quando fazemos citações, temos que dar a fonte, ou seja, quem escreveu, onde e quando - sob pena de cometer-se plágio..."

3) "Pegando um 'gancho' sobre plágio: vc é um cara inteligente e sabe que eu e o F.A.O. sempre acreditamos no teu potencial. Então, por favor, leia o livro "The White Lie", disponível no blog: http://www.amigos-peregrinos.blogspot.com/ Daí, depois que ler, é digo, só depois que LER, voltamos a conversar sobre isso, certo? Abração de sempre."

 
Por fim, o irmão e amigo manifestou-se:

"nunca vou dizer que vc não é usado por DEUS,SÓ NÃO ESQUEÇA QUE VC ESTÁ LIDANDO COM PESSOAS..toma cuidado no que vc diz,vc também pode estar errado e sei que já pensou sob isso,quanto a ellen white se é plágio ou não DEUS julgará isto,eu nunca vi nada de errado que ela escreveu se vc viu me fale,vou ouvir com certeza mano,mas se atente em uma coisa, no final dos tempos satanás enganá a muitos se possivel até os escolhidos..sei que isto serve pra mim também,mas por favor,vamos manter o amor,sem julgamentos, por que a partir do momento que julgamos no colocamos sob julgamento..abçs mano e vc sabe que te amo na fé de cristo jesus que nos libertou da escravidão do pecado...te mais"


Diante da íntegra do diálogo celebrado,  em função da quantidade de caracteres (posto que preferimos dedicar um tempo especial aos assuntos abordados), bem como de forma a preservar-lhe a identidade (vez que uma resposta em rede social seria visualizada por todos), seguirá neste blog, logo abaixo, a resposta à mensagem do Irmão e amigo retro transcrita:


Caro Irmão de fé e amigo,

Entendo e respeito tua opinião, principalmente porque vc usou amor em suas palavras - e esse é o cerne do evangelho. Espero também demonstrar minha consideração, amor e respeito através do conteúdo e do tempo que dediquei pra compor esta mensagem. Contudo, só não posso concordar com vc no ponto em que diz que "nunca viu nada errado que ela escreveu", pois eu já te citei o livro "The White Lie", que se encontra disponível pra download neste blog. Ali o autor expõe, lado a lado, citações/trechos de livros dela com o de outros autores - e, convenhamos, são 'coincidências intrigantes' e um tanto improváveis, o que deixa claro e isento de qualquer dúvida de que ela se apropriou massivamente de idéias e conteúdo alheios. A partir dali podemos chegar a uma conclusão facilmente. É preciso ver por si mesmo. A instituição oculta tal obra. Mas... diante de fatos os argumentos devem se curvar. 

Me explico ainda, cordialmente, a você e qualquer dos nossos amigos: não subestimem, por favor, nossa conclusão/ponto de vista; sempre fomos bastante sinceros em nossas convicções crendo que representavam de fato a verdade - pelo menos cremos que temos moral (o centro do cristianismo atualmente praticado) pra falar isso. 

Não fomos 'convencidos' por ninguém e sequer participamos de qualquer movimento; nem temos a pretensão de iniciar um. Tínhamos muitos amigos na instituição; alguns, em relação aos quais nos sentimos à vontade chamando-os de 'irmãos', ainda permanecem. Sempre fomos participativos e não pensávamos duas vezes em divulgar o evangelho sob a ótica da IASD. 

Possuímos leitura e sabemos te explicar com detalhes qualquer livro de EGW (tanto que chegamos a pensar em elaborar um comentário bíblico, por personagem e tema, apenas com as citações daquela). Conhecemos e sabemos o fundamento das 28 doutrinas atuais - principalmente a do santuário (a doutrina central do adv.), que, não sei se é do conhecimento de todos, caracterizava-se inicialmente como a doutrina da 'porta fechada' (eis que concluíram/pregavam, no início, após o 'desapontamento', que a porta da graça havia se fechado a partir de 1844 - vide o livro "Em Busca de Identidade" - George R. Knight - Casa Publicadora Brasileira). 

Então, imagine que não seria prudente qualquer 'colega de fé' (não me refiro a vc - a quem considero irmão) concluir que estamos sendo insanos, desrespeitosos ou descuidados, chegando a ter 'pena' de nós por termos nos 'desviado', como muitos gostam de fazer.  Aliás, descuidados e perdidos são os que se escondem e ancoram sua fé em determinadas doutrinas e instituições religiosas que se autointitulam 'a porta do céu' - eis que é mais cômodo e também pelo fato de não suportarem a idéia de comparecer de pé, individualmente, diante de Deus. Isso amedrontava o antigo Israel assim como aterroriza os que atualmente também se auto-proclamam 'remanescentes'. Vc sabe que Jesus passou por alto praticamente todos os que estavam no templo quando operou sua obra redentora na Terra. Se não reparou nisto ainda, é hora de tomar ciência. Hoje seria diferente?

Deus opera através de verdades e estas se sustentam por si; assim, não podemos utilizar o argumento medieval do 'medo' ('não leia', 'não toque', 'não tenha contato') a fim de aprisionar as pessoas. Fazer isso, além de um enorme contra-senso, é supor que o cristão seria um 'débil mental', no sentido técnico da expressão - pois não serie ele, dependente do Espírito Santo, capaz de discernir uma mão da outra? Portanto, as pessoas que se julgam sinceras deveriam ter acesso a tal material, sob pena de 'pagar pra ver' no dia do Juízo. Veja que esta não é uma questão irrelevante...

Aproveitando o 'gancho' acerca da passagem que vc citou, acerca de que "...Satanás enganará a muitos, se possível os próprios escolhidos", convém citar, dentro do contexto do nosso 'papo', o que Paulo diz em Gálatas 1:8:

"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho ALÉM do que já vos anunciamos, seja anátema." 
(Tradução de João Ferreira de Almeida - Edição Contemporânea - Bíblia de Referência Thompson, décima quarta impressão, Editora Vida, 2002). (destacamos)

Exortamos ainda, com base em I Timóteo 4:1-5, a se observar o seguinte:

"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento, e ordenam a abstinência de alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; porque tudo o que Deus criou é bom, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças; porque pela palavra de Deus, e pela oração, é santificada."
(Tradução de João Ferreira de Almeida - Edição Contemporânea - Bíblia de Referência Thompson, décima quarta impressão, Editora Vida, 2002)  

Portanto, a fim de evitar qualquer mal-entendido, esclarecemos que nossa reflexão inicial, a seguir transcrita, não foi dirigida a ninguém em específico, mas expressa um pensamento eminentemente pessoal que surgiu após longas horas de conversas entre amigos, há quase um mês:

"O Sol precisa da Lua para iluminá-lo?

- Obviamente que não, pois é auto-suficiente, possuindo energia em si mesmo.
Da mesma forma, a Bíblia, tida como nossa 'Luz Maior', não necessidade de qualquer 'luz menor' para conferir ou ampliar-lhe o significado". 

Ainda, esclarecemos que, na nossa opinião atual - a qual pedimos que seja ao menos respeitada, como um dos direitos fundamentais do ser humano: Deus será o nosso professor, por isso ele não nos julgará pelas 'doutrinas' que julgamos corretas, mas certamente considerará a sinceridade e  comprometimento de cada ser diante dessas convicções (que seria um 'padrão universalmente aplicável'). Seremos salvos por Sua graça e misericórdia. Se EGW quiser discordar, ela que fale por si - pois queremos ver e escutar a voz de Deus através dos nossos próprios olhos e ouvidos, por nós mesmos (pois todos somos Sacerdotes diante de Deus), tendo a Bíblia por instrumento (pois Deus capacita qualquer interessado a conhecer a Sua vontade) e não pela 'pena inspirada' de alguém.

Já que mencionamos, vejamos o que dispõem os artigos 17 e 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

Artigo 18
"Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observâcia, isolada ou coletivamente, em público ou em particular."

Artigo 19
"Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras."

(Declaração Universal dos Direitos Humanos. Extraído do site http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm. Acesso em 04/11/2011)

Cara, obrigado pela tua atenção e compromisso. Sem querer te lisonjear,  sei que vc é honesto e procura a integridade, por isso te dissemos: mantenha-se no teu caminho, pois temos fé que se nós nos mantermos também no nosso ambos seremos salvos - desde que não usurpemos a salvação pela graça e mantenhamos o amor como o foco de toda a obra que Deus realiza.

Este blog contém, no título denominado "Uma verdade muito inconveniente: EGW", como vc pediu, o livro "The White Lie" como prova de parte do que nós defendemos até agora.

Discussões pouco aproveitam, pois um dia o próprio Deus será o nosso professor - e Ele ensinará a todos, de todos os confins da Terra, nações e culturas, o Seu caminho.

Abração.

Fica com Deus.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Uma Verdade Muito Inconveniente: Ellen G White



Muito se fala sobre esta personagem do século XIX e início do século XX, fundadora do adventismo. 

Considerada profeta ou no mínimo, 'escritora cristã' por alguns, plagiária para outros - esta não é uma questão pacífica. Eis alguns motivos:

1. Trata-se uma questão de fé borrifada com doses de institucionalismo (proselitismo religioso em alguns casos) - como o próprio conceito de "Remanescente Fiel" renovado pelo movimento adventista-millerita.
2. Considerando o item anterior - é impossível separar o adventismo, a teologia adventista e toda a sua doutrina da personagem Ellen G.White. 
3. Em que pese a liberdade Cristã, não é permitido de forma alguma, para o membro adventista, discutir abertamente acerca da possibilidade  da não-manifestação do dom ou 'espírito de profecia' (como preferem) na pessoa de Ellen G.White.
4. Este assunto pode causar exclusão (praticamente sumária) do membro que ousar abordá-lo publicamente. É preferível declarar-se ateu ou agnóstico do que negá-la. Haverá menos esperança 'de salvação' pra você neste último caso.
5. A falta de conhecimento e a superficialidade com que se costuma abordar o assunto.
6. Pressão social (inclusive familiar).
7. Medo.
8. A maioria de nós não possui idade suficiente para tê-la conhecido.
9. Poucas pessoas já leram suas principais obras de capa a capa.
10. Quase ninguém ousou comparar seus escritos com os de outros autores... (hoje isto é facilitado pela tecnologia)

Para isto foi que abordamos o tema. 

Não buscamos respostas rápidas, superficiais e/ou posicionamentos apressados. 

A missão consiste em apresentar-lhe o tema - covardemente ocultado e proibido, o que por si já levanta questionamentos. Tua responsabilidade é estudá-lo de forma imparcial - para isto te presenteamos com os seguintes livros (todos estão disponíveis para download):


1 - CRISTIANISMO PAGÃO (Frank Viola) - Entenda as origens de muitas de nossas 'atitudes' e 'pensamentos' cristãos através desta obra - muito embasada e rica em referências e notas de rodapé. Após a leitura, você será capaz de sorrir diante de muitos 'debates e questões religiosas' como música, liturgia, "obrigações cristãs" e muitos outros assuntos (verá, por exemplo, que o movimento da Reforma, ou qualquer outro de lá para cá, NUNCA rompeu de fato com o paganismo. Este livro faz-nos refletir sobre o cristianismo bíblico. Sugerimos que seja o primeiro livro a ser lido, por ser basilar.



2 - "THE WHITE LIE" (Walter T.Rea) - Leia após "Cristianismo Pagão". Este é o livro-bomba para o adventismo. É um livro raro - e está completo. Descubra se você deverá continuar sendo adventista após sua leitura. Garantimos que não é nenhum 'livro do diabo" - muito pelo contrário, este poderá ser a voz de Deus para você. Sugerimos que, conforme for se informando, evite comentá-lo com pessoas que não estejam realmente em busca da verdade para suas vidas (pessoas abertas ao verdadeiro debate doutrinário). Você poderá perceber que a maioria das pessoas - incluindo teus familiares e melhores amigos adventistas - não estará realmente disposta a romper com certas crenças instituídas, mesmo diante da verdade. Não nos responsabilizamos pelo mau uso que você possa fazer deste livro. O propósito de qualquer cristão deve ser o de iluminar o próximo - este é o nosso objetivo (perceba as advertências). Afinal, descubra como era de fato Ellen G.White, sem romances. Submeta o livro à Bíblia, à tua consciência e ao debate consciente. Advertimos pela última vez: você poderá odiá-la. 

Eu mesmo chequei algumas fontes bibliográficas citadas - e para desespero institucional, os fatos aparentemente procedem.


Ficamos abertos a questionamentos/opiniões, pois é assim que o ser-humano evolui (diálogo). Pedimos apenas que, antes de emitir seu parecer, examine as obras acima com seriedade.

Grande Abraço

Deus abençoe tua vida em todos os aspectos.

Desconstrução - Fábio Amorim de Oliveira


Não quero reformar nada! Não quero reformar ninguém! Apenas quero desconstruir minha religião e dar-me a oportunidade de começar novamente. Do zero! Quero aprender a orar porque suspeito que nunca aprendi em todos esses anos de eloquentes orações entonadas no conjunto de súplicas adornadas de lindos verbos.

Tenho a ligeira impressão de que todas as vezes em que falei em línguas na roda de oração para fazer notório o meu nível espiritual, não me valeram de edificação alguma. E que minhas devocionais carregadas de desânimo e obrigação para com a minha "consagração" no ministério de louvor não resultaram em nenhuma intimidade com Deus!

Quero desfazer de tudo que sei, ou que penso saber, e de tudo que não sei, e penso não saber, para aprender paulatinamente através de uma busca sincera, paciente, desobrigada, verdadeiramente motivada e autêntica, tudo quanto preciso, quanto quero e quanto me é essencial na jornada da fé. Quero despojar-me dos manuais religiosos, das doutrinas inquestionáveis, das tradições incoerentes e da estupidez e falácia da religião.

Quero duvidar de tudo e de todos, porque minha alma contorce pela verdade e tem sede de justiça. Quero abrir os meus olhos e enfrentar o ardor da luz cortante da revelação. Quero ficar cego por um tempo em virtude do impacto que a luz da verdade traz. Ficar cego para o enlatado evangélico, cego para o cauterizado cristianismo institucional. Quero ficar cego para as fórmulas instantâneas da fé, da sua comercialização e do abuso espiritual. Quero recobrar a visão aos poucos. Enxergar com sanidade a vida, as pessoas, a família, os amigos, o futuro, o presente e o passado. Quero aprender a enxergar tudo que enxergava errado. Usar minha visão pela primeira vez!

Quero me desviar dos caminhos da "i"greja que não segue o Caminho de Cristo. E andar na contra-mão desse sistema religioso elaborado sobre outro fundamento que não Jesus, a Rocha Viva. Quero tirar a capa que me identifica como "cristão" com o emblema da cruz para vestir-me de amor pelo próximo e por esse amor ser conhecido como discípulo de Cristo. E carregar não o emblema da cruz, antes, tomá-la dia após dia em meus ombros e renunciar à volúpia e morrer para o pecado.

Quero fugir dos grandes eventos de milagres e shows da fé, patrocinados por sórdida ganância e puro estrelismo. E me juntar aos homens de Deus presenteados com o dom da cura que trocam o palco pelo corredor dos hospitais. Que ao invés de pedirem que vão a eles, se disponhem a IR aos que necessitam.

Cansei de viver sob maldição financeira! E, agora, não gasto meu dinheiro patrocinando esse sistema putréfulo de escravizar a fé dos pequeninos. Não quero participar de tal infâmia! Que o pouco que tenho sirva não ao luxo dos templos e de seus donos, mas, aos que realmente necessitam da minha fidelidade financeira resultante da confiança no Jeová Jiré. E não da ameaça pastoral de maldição da pobreza versus prosperidade.

Quero ser livre para pecar! E da mesma maneira não pecar por entender que não me convém. Mas, se o desejo do pecado ronda a minha mente e não peco por causa da pressão de ter que me consagrar no ministério da "i"greja, que pobre que sou. Porque ainda não seria livre do pecado, mesmo não o praticando... Quero aprender a conduzir meu estilo de vida como resposta de gratidão à aceitação e perdão de Cristo, não como regras e proibições eclesiásticas que não tem efeito nenhum contra o pecado.

Estou desconstruindo a minha fé míope e doente para cultivá-la de forma autêntica, sincera, humana e verdadeira. Estou disposto a arriscar minhas crenças pelo conhecimento da verdade eterna, de modo, que mesmo vendo-a como em espelho, possa um dia conhecê-la completa assim como sou conhecido. Se para encontrar o Deus que está estampado no caráter de Cristo, me tornar necessário descrer do Deus pregado, e tornar-me ateu, que assim seja. E que possa, conhecê-Lo de forma pura, única, pessoal e intransferível.

Quero derrubar meus pilares espirituais porque não sei de onde vieram. Estavam lá no discurso e na retórica que pseudonimamente aceitei como sendo Jesus Cristo. Agora, nego a cartilha que reza, nego a teologia pronta que engoli e dou-me a oportunidade de aceitar, de fato, Cristo meu Senhor e Salvador, pura e simplesmente.

Se fosse possível voltar ao ventre de minha mãe e carregar em meus genes a luz que agora vejo, para que ao nascer, soubesse desviar dos caminhos que para o homem parecem bons, poderia começar de novo sem incongruências e inverdades ludibriosas.

Talvez, só agora tenha entendido o que significa "nascer de novo"...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O que é a Verdade?

Fábio Amorim Oliveira

Pergunta difícil. Contudo, de alguma forma, a questão da verdade é um dos temas que irá caminhar pari passo com a minha monografia, na qual irei trabalhar o conceito de falibilismo do filósofo dos fins do século retrasado, Chales Sanders Peirce, que parte do princípio, segundo Urbano Zilles e que parafraseia em seu livro Teoria do Conhecimento e Teoria da Ciência o pensamento de Peirce com relação a verdade:


Segundo Peirce, essa fixação não acontece pelo indivíduo, mas pela continuidade dos que têm competência no assunto, referindo-se, sobretudo, aos cientistas. Como no decurso do tempo proposições consideradas verdadeiras estão sujeitas a novas dúvidas, Peirce entende verdade como valor limite (ideal limit) para o qual toda investigação se orienta. Só conseguimos aproximações desse valor limite ideal. Por isso, para Peirce, verdade e consenso não são a mesma coisa. O consenso momentâneo é uma condição para verdade, enquanto possibilita uma aproximação do valor ideal de verdade. Mas o consenso não exclui a falsidade e o erro do conhecimento humano. (ZILLES, 2005 p.137).


Ok! Mas trabalhar e desenvolver aqui toda a teoria de Peirce seria complexo, foi apenas uma forma de tentar iniciar este texto e mostrar que essa pergunta é como um vírus que na verdade persegue desde o seu nascimento, a Filosofia ou os filósofos, e também a mim, acadêmico da área.
Bom, sem delongas, podando as questões históricas, temos dois problemas iniciais: as verdades de razão e as verdades de fato, que Marilena Chauí irá abordar e trabalhar sucintamente em sua obra didática de Filosofia: Convite a Filosofia. As verdades de razão, são as verdades que independem da nossa experiência, como a elaboração da proposição: o triângulo tem três lados. Isto é uma afirmação lógica, pois caí dentro do que denominamos de princípio ontológico de não-contradiçaõ, ou seja: "nada pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto" (FERRACINE, 1999 p.39). Isso é o que denominamos de verdades a priori, porque existentes per si antes da experiência.


Em contrapartida, temos as verdades de fato, são a posteriori, porque dependem da nossa experiência. Por exemplo, um exemplo de tentativa de se elaborar uma verdade de fato foi quando Isaac Newton disse que o tempo era absoluto, e Einstein o refutou posteriormente com a teoria da relatividade. Veja que tocamos num termo chave: teoria. E no que consiste uma teoria? Tentarei conceituar a partir da experiência das múltiplas leituras que tive sobre o assunto, sendo assim: teoria é a tentativa de descrever de forma fiel os mecanismos e processos dos fenômenos de forma o mais racional possível. Sendo assim, aí se inicia toda a magnitude da problemática. Então, existiram ao longo tempo tentativas de resolver essa questão, e surgiram várias epistemologias (episteme - do grego - ciência e logia - do grego - Estudo), ou seja, distintas ciências e suas teorias se pretendendo como solução universal para o problema da verdade, daí contemplamos várias correntes filosóficas ou epistemologias: o racionalismo, o empirismo, o criticismo kantiano, o positivismo e por aí segue-se várias epistemes, porém, todas fracassadas na tentativa de elaborar uma ética, uma estética universal. Tente perceber no meio desses processos, a busca por encontrar um princípio basilar, uma metafísica fundamental da verdade, um princípio primeiro que sirva de pedra angular. Porém, todos fracassaram neste sentido.


Hoje, fala-se numa teoria consensual da verdade, dois filósofos contemporâneos trabalham com essa questão, Karl Otto Apel e Jürgem Harbemas, ou seja, para estes a verdade é a verdade de uma comunidade que joga com a linguagem. Antes, partia-se da confiança pura na razão - o cógito cartesiano imperava (cogito ergo sum - penso, logo existo) - de dizer algo sobre a verdade na relação sujeito e mundo, mas se percebeu que a mente humana é limitada para descrever a totalidade da realidade. Até para fundamentar os princípios lógicos que norteiam nossos pensamentos, mamamos na linguagem e na linguagem - que é jogada na comunidade - é que partimos do ponto inicial para pensar as leis, as regras, ou os métodos, para nortear nossa análise do kósmos (universo). Sendo assim, para um hermenêuta, a verdade é o quanto você é capaz de dizer, argumentar e convencer, porém, de forma lógica - o quanto você é capaz de linguistificar a tua teoria.


Voltando rapidamente a Peirce, ele irá destacar a questão de crenças mais fundamentadas, entretanto, reserva a confiança a uma comunidade científica, porque julga esta ter melhores condição para criar crenças mais próximas da verdade, salvo, porém, que está sujeita ao falibilismo, ou seja, a se equivocar na teoria, por isso: temporária e consensual.

Enfim, tentarei fechar este tema que é gigantesco e complexo e até hoje, inacabado. Mas por ora, partilho do princípio de um consenso com relação a verdade, que de fato precisamos testar, fazer experiências, sem a prepotência de ser em algum momento o portador da verdade única, universal como pretenderam os epistemólogos que nos antecederam, pois somos limitados, já dizia Immanuel Kant, na sua obra A Crítica da Razão Pura, da capacidade de conhecimento a priori da mente com relação a realidade, Kant lança a questão do noúmeno, que em grego quer dizer, aquilo que existe per si, ou seja, aquilo que existe independente da nossa mente, mas que contudo, não se abre totalmente ao nosso conhecimento, ou seja, do qual só apreendemos os fenômenos, mas nunca a coisa em si na sua totalidade. Prova disso é a Física passando pela crise de tentar dizer o que é o maciço? Ou, o que é isso que chamamos de matéria? Na ansia de encontrar uma lei fundamental, de onde possa brotar uma teoria final-universal, capaz de ser fundamento e base de verdade, e permear inclusive na relação sujeito e objeto.


Nesses pontos dilemáticos, é onde encontra-se a experiência da sensação do vazio, do indizível e a partir dos dilemas é que muitos cientístas acabam por entrar em contato com seu lado mísitico, é onde outros encaixam o seus deuses e a fé como forma de suprir esse espaço lacunar, que quem já se deparou com ele e o contemplou, chega a dar calafrios. Agora imagine em que o homem se prende como fundamento de verdade para evitar que matemos uns aos outros ou cometamos diversos outros - o que aprendemos a entender como - crimes? No direito natural a vida, a liberdade de ir e vir, de desenvolver-se plenamente? Mas onde tudo isto se sustenta? Já se perguntaram?? Percebe o tamanho do problema? Entretanto, quando fazemos a pergunta: O QUE É A VERDADE? REPLICO: DE QUE VERDADE ESTAMOS A PERGUNTAR? A QUE TIPO DE VERDADE ESTÁ A SE REFERIR?


SEGUE-SE ABAIXO EXTRAÍDO DO TEXTO ELETRÔNICO "CONVITE À FILOSOFIA" - MARILENA CHAUÍ:


"Grego, latim e hebraico


Nossa idéia da verdade foi construída ao longo dos séculos, a partir de três concepções diferentes, vindas da língua grega, da latina e da hebraica.


Em grego, verdade se diz aletheia, significando: não-oculto, não-escondido, não-dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito; a verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal como é. O verdadeiro se opõe ao falso, pseudos, que é o encoberto, o escondido, o dissimulado, o que parece ser e não é como parece. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão.


Assim, a verdade é uma qualidade das próprias coisas e o verdadeiro está nas próprias coisas. Conhecer é ver e dizer a verdade que está na própria realidade e, portanto, a verdade depende de que a realidade se manifeste, enquanto a falsidade depende de que ela se esconda ou se dissimule em aparências.


Em latim, verdade se diz veritas e se refere à precisão, ao rigor e à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes, pormenores e fidelidade o que aconteceu. Verdadeiro se refere, portanto, à linguagem enquanto narrativa de fatos acontecidos, refere-se a enunciados que dizem fielmente as coisas tais como foram ou aconteceram. Um relato é veraz ou dotado de veracidade quando a linguagem enuncia os fatos reais.


A verdade depende, de um lado, da veracidade, da memória e da acuidade mental de quem fala e, de outro, de que o enunciado corresponda aos fatos acontecidos. A verdade não se refere às próprias coisas e aos próprios fatos (como acontece com a aletheia), mas ao relato e ao enunciado, à linguagem. Seu oposto, portanto, é a mentira ou a falsificação. As coisas e os fatos não são reais ou imaginários; os relatos e enunciados sobre eles é que são verdadeiros ou falsos.


Em hebraico verdade se diz emunah e significa confiança. Agora são as pessoas e é Deus quem são verdadeiros. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são aqueles que cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada ou a um pacto feito; enfim, não traem a confiança.


A verdade se relaciona com a presença, com a espera de que aquilo que foi prometido ou pactuado irá cumprir-se ou acontecer. Emunah é uma palavra de mesma origem que amém, que significa: assim seja. A verdade é uma crença fundada na esperança e na confiança, referidas ao futuro, ao que será ou virá. Sua forma mais elevada é a revelação divina e sua expressão mais perfeita é a profecia.


Aletheia se refere ao que as coisas são; veritas se refere aos fatos que foram; emunah se refere às ações e as coisas que serão. A nossa concepção da verdade é uma síntese dessas três fontes e por isso se refere às coisas presentes (como na aletheia), aos fatos passados (como na veritas) e às coisas futuras (como na emunah). Também se refere à própria realidade (como na aletheia), à linguagem (como na veritas) e à confiança-esperança (como na emunah).


Palavras como “averiguar” e “verificar” indicam buscar a verdade; “veredicto” é pronunciar um julgamento verdadeiro, dizer um juízo veraz; “verossímil” e “verossimilhante” significam: ser parecido com a verdade, ter traços semelhantes aos de algo verdadeiro.



Diferentes teorias sobre a verdade


Existem diferentes concepções filosóficas sobre a natureza do conhecimento verdadeiro, dependendo de qual das três idéias originais da verdade predomine no pensamento de um ou de alguns filósofos.


Assim, quando predomina a aletheia, considera-se que a verdade está nas próprias coisas ou na própria realidade e o conhecimento verdadeiro é a percepção intelectual e racional dessa verdade. A marca do conhecimento verdadeiro é a evidência, isto é, a visão intelectual e racional da realidade tal como é em si mesma e alcançada pelas operações de nossa razão ou de nosso intelecto. Uma idéia é verdadeira quando corresponde à coisa que é seu conteúdo e que existe fora de nosso espírito ou de nosso pensamento. A teoria da evidência e da correspondência afirma que o critério da verdade é a adequação do nosso intelecto à coisa, ou da coisa ao nosso intelecto.


Quando predomina a veritas, considera-se que a verdade depende do rigor e da precisão na criação e no uso de regras de linguagem, que devem exprimir, ao mesmo tempo, nosso pensamento ou nossas idéias e os acontecimentos ou fatos exteriores a nós e que nossas idéias relatam ou narram em nossa mente.


Agora, não se diz que uma coisa é verdadeira porque corresponde a uma realidade externa, mas se diz que ela corresponde à realidade externa porque é verdadeira. O critério da verdade é dado pela coerência interna ou pela coerência lógica das idéias e das cadeias de idéias que formam um raciocínio, coerência que depende da obediência às regras e leis dos enunciados corretos. A marca do verdadeiro é a validade lógica de seus argumentos.


Finalmente, quando predomina a emunah, considera-se que a verdade depende de um acordo ou de um pacto de confiança entre os pesquisadores, que definem um conjunto de convenções universais sobre o conhecimento verdadeiro e que devem sempre ser respeitadas por todos. A verdade se funda, portanto, no consenso e na confiança recíproca entre os membros de uma comunidade de pesquisadores e estudiosos.


O consenso se estabelece baseado em três princípios que serão respeitados por todos:


1. que somos seres racionais e nosso pensamento obedece aos quatro princípios da razão (identidade, não-contradição, terceiro-excluído e razão suficiente ou causalidade);


2. que somos seres dotados de linguagem e que ela funciona segundo regras lógicas convencionadas e aceitas por uma comunidade;


3. que os resultados de uma investigação devem ser submetidos à discussão e avaliação pelos membros da comunidade de investigadores que lhe atribuirão ou não o valor de verdade.


Existe ainda uma quarta teoria da verdade que se distingue das anteriores porque define o conhecimento verdadeiro por um critério que não é teórico e sim prático. Trata-se da teoria pragmática, para a qual um conhecimento é verdadeiro por seus resultados e suas aplicações práticas, sendo verificado pela experimentação e pela experiência. A marca do verdadeiro é a verificabilidade dos resultados.


Essa concepção da verdade está muito próxima da teoria da correspondência entre coisa e idéia (aletheia), entre realidade e pensamento, que julga que o resultado prático, na maioria das vezes, é conseguido porque o conhecimento alcançou as próprias coisas e pode agir sobre elas.


Em contrapartida, a teoria da convenção ou do consenso (emunah) está mais próxima da teoria da coerência interna (veritas), pois as convenções ou consensos verdadeiros costumam ser baseados em princípios e argumentos lingüísticos e lógicos, princípios e argumentos da linguagem, do discurso e da comunicação.


Na primeira teoria (aletheia/correspondência), as coisas e as idéias são consideradas verdadeiras ou falsas; na segunda (veritas/coerência) e na terceira (emunah/consenso), os enunciados, os argumentos e as idéias é que são julgados verdadeiros ou falsos; na quarta (pragmática), são os resultados que recebem a denominação de verdadeiros ou falsos.


Na primeira e na quarta teoria, a verdade é o acordo entre o pensamento e a realidade. Na segunda e na terceira teoria, a verdade é o acordo do pensamento e da linguagem consigo mesmos, a partir de regras e princípios que o pensamento e a linguagem deram a si mesmos, em conformidade com sua natureza própria, que é a mesma para todos os seres humanos (ou definida como a mesma para todos por um consenso)".